segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A RETÓRICA CAPENGA DOS JUDAIZANTES



 A carta aos Gálatas foi uma das mais contundentes de  Paulo. Nesse lugar ele ensinou e pregou. Dentre as igrejas para as quais o apóstolo dirigiu a respectiva carta havia as de Antioquia da Písidia, Derbi, Icônio e Listra. Atualmente é a França que ocupa parte desse território.
Paulo enfrentava muita dificuldade com esses ditos cristãos que sempre procuravam por em dúvida sua autoridade de enviando de Cristo. Nessa região ele enfrentou a fúria diabólica dos judaizantes.
Esse grupo de crentes vivia dizendo que seria preciso haver uma espécie de conciliação da Lei com a Graça, para que a salvação realmente tivesse valor para quem fosse a Cristo. O apostolo resistiu a esse tipo de heresia surgida nessa região.
Depois de mostrar desde o capítulo primeiro que ele também era apóstolo como os demais, tal qual Pedro, Tiago e João, ele se defende, dizendo que recebeu o evangelho diretamente de Jesus Cristo. Ele fora enviado aos gentios, que tinham o mesmo direito que possuíam os judeus: A salvação. Todos seria um só povo, o Israel de Deus. O importante é ser nova criatura (Gl 6.15). Havia muito orgulho dos judeus sobre isso, que eles seriam os únicos a participarem da salvação e da eterna comunhão com Deus. Mas, ao contrário do que eles achavam, havia já a semente desse evangelho desde o tempo de Abraão. Em Joel Deus diz que todos que o invocassem seriam salvos; em Jr 31, Iavé fala do coração transformado que teriam todos que se entregassem à vontade do Senhor. Já se falava da Nova Aliança. No capítulo 40 de Isaías havia a promessa do Espírito para todos que invocassem a Deus. No capítulo 55 ele diz que haverá uma transformação dos lugares secos em mananciais, que é uma metáfora para salvação. O profeta usa uma linguagem poética belíssima, pois além de profeta ele escrevia poesias, e Deus usava esse seu estilo para falar ao seu povo. Em Ezequiel 18 ele diz que irá tirar o coração de pedra e por um de carne, outra metáfora para o novo nascimento. Que insofismável figura de linguagem. E em Joao 3  Cristo completa dizendo que o que nasce da carne é carne, e o que nasce do Espírito é espírito.
Mas para os judaizantes teria que haver um conchavo com a Lei, se não a Graça  seria insuficiente. Por isso perseguiam Paulo, pois achavam que a liberdade que ele falava iria distorcer e levar o homem para pecar, não aceitavam que pudesse haver essa liberdade. Esqueciam que era a Nova Aliança, o “vinho novo” do qual Jesus falara.
Nem Pedro compreendeu no começo isso. Mesmo depois de ser batizado no Espírito Santo, no Pentecoste, ele continuou com o costume antigo de orar, tal qual Davi, no templo (Sl 55.17),e viver de acordo com certos costumes de seu povo; à hora nona, cerca de três da tarde ele ia orar no templo, costume dos judeus. A diferença agora é que não tinha de ser sempre a determinada hora, mas qualquer uma que ele quisesse. Orar àquela hora tinha muito a ver com o vinho antigo. Deus precisou mostrar a ele que os gentios também seriam salvos, como realmente foram na casa de Cornélio. Ele viu o Espirito caindo sobre eles também. A maturidade espiritual de Pedro não o impediu de dissimular junto aos gentios, com a chegada dos judeus convertidos, da parte de Tiago. Estava com eles até que esses enviados chegaram; então Pedro se afastou deles, o que foi muito criticado por Paulo. Isso foi hipocrisia, dissimulação, como disse Saulo. Esses mesmos judaizantes agora estavam fazendo decair da fé os gálatas com seu evangelho sincretista, que nas palavras de Paulo foi chamado de malditos, ou anátema (Gl 1.8). Paulo parece se referir ao teatro quando diz que Cristo foi crucificado diante deles, os gálatas (Gl 3.1). Sua autoridade estava posta em cheque por esses falsos irmãos ,os judaizantes. Se eles davam tanto valor assim à circuncisão, que se mutilassem logo, arrancando mais do que o prepúcio. Os judeus não conseguiam entender esse mistério que em Colossenses Paulo diz que é Cristo em vós, esperança da gloria(Cl 1.27). Mas aquele povo havia se esquecido disso, ou não queriam aceitar. Na epistola aos romanos ele também fala sobre isso. E explica mais: os gentios são coerdeiros com Cristo, que os judeus foram rejeitados por desprezarem a Cristo, mas que veio primeiro para eles; portanto, em proporção, os judeus são mais culpados que os gentios(Rm 2). Deles é a Lei, os pais e os profetas. Foi enxertado um jambuzeiro no ramo da figueira, e agora ambos estavam desfrutando da mesma seiva. Em II Coríntios, no capítulo 11, o apóstolo dos gentios também diz que enfrentou muita dificuldade com esses falsos irmãos; em Filipenses ele diz que são inimigos da cruz de Cristo, numa metonímia riquíssima de sentido.
Eles eram como muita gente que acha que precisa fazer alguma coisa a mais para se considerarem salvos. Não conseguem aceitar que é puramente pela Graça de Deus e
nada mais. Não são nossos esforços, não é pelo fato de usarmos isso ou aquilo, nem pelo fato de andarmos com determinado tipo de roupa, ou fazer determinada coisa. É pela graça de Deus. Por mais que queiramos, não dá para fazer essa conciliação. Por mais que nos esforcemos; não é pelo que fazemos, mas sim pelo fato deixarmos que a graça atue em nós. Nossos esforços não são importantes. Não devemos querer dar uma mãozinha a Deus como fizeram os judaizantes. Isso é querer corromper o Evangelho, sincretizar com nossas crenças e particular interpretação (2 Pd 1.21). Deixemos que a Graça cumpra seu papel. Deixemos de ficar orgulhosos toda vez que acertarmos o alvo; deixemos de ser presunçosos. Não é a igreja da qual fazemos parte que nos salva. É Cristo. Não é nossa roupa, é Cristo, Cristo, Cristo. Não é por não  fazermos determinada coisa, como não tomar bebidas alcoólicas, que nos salvamos, mas porque somos salvos; não por deixamos de frequentar determinados lugares, que não é lícito para um cristão, que somos salvos, mas deixamos de ir pelo fato se sermos salvos. É a Graça que nos salva, por meio da fé. É dom de Deus (Ef 2.8). Os judaizantes ainda hoje existem, mas resistamos a eles, como fez o irmão de Jesus, Judas, na sua epístola. Resistamos a ele sem ceder nem um centímetro sequer. Que se ouça bem alto a razão de sermos salvos: Foi Cristo, pronto.

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